sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Mimar o cachorro pode ser bom para você, mas não é para ele



Tratar animais como humanos afeta a saúde física e psíquica deles
Do R7

Ao longo dos anos, os cachorros ganharam a fama de melhores amigos dos homens. Porém, atualmente, estes animais estão deixando de ocupar essa posição para serem tratados como filhos, netos, irmãos... Não é verdade? Mimar o bichinho é bom, mas é preciso ter cuidado, pois o excesso de carinho pode fazer mal para a saúde dele.

Valéria Olívia, professora do curso de medicina veterinária da Unesp (Universidade Estadual Paulista), explica que o “mau comportamento” dos cachorros, em geral, é resultado da forma como eles são tratados por seus proprietários.

- A causa principal das travessuras dos cães é a abordagem equivocada de seus donos, que os criam como se fossem gente, pensam que os bichos gostam de roupas, sapatos e comida de humanos. Quando o animal é tratado como o centro das atenções, passa a não admitir a hipótese de ficar sozinho. Passa a querer ser alimentado antes de todos, começa a andar na frente dos donos durante os passeios ou se torna ciumento. Como resultado, algumas pessoas se tornam escravas dos bichos.

Os cachorros já possuem um instinto de liderança e costumam ambicionar o poder na matilha, ensina o veterinário Alexandre Satoshi Sano, diretor da SPMV (Sociedade Paulista de Medicina Veterinária). Em muitas casas, acabam se tornando os chefes.

- Isso acontece porque ficamos com dó e satisfazemos todos os desejos do pet. E o animal, que já tem uma tendência a mandar, acha que está no comando. Quando o “desobedecemos”, ele reage instintivamente, ou seja, tentando se impor como líder e, consequentemente, sendo mais agressivo.

Mas os transtornos não são apenas sociais. O tratamento especial ao cão também pode desencadear problemas físicos, principalmente nos animais que não seguem uma alimentação adequada ao perfil da raça, alerta Valéria.

- Má alimentação, em cães, costuma causar gastrite, obesidade e diabetes, entre outros males. Já o excesso de mimo tem como possíveis consequências ansiedade, estresse, alterações hormonais e alguns distúrbios específicos. É o caso da copofagia, em que o animal começa a comer as próprias fezes, e da lambedura, em que ele se lambe até provocar feridas na própria pele.

Se o seu cachorro já for mimado, fique calmo. Ainda é possível contornar a situação, afirma o veterinário Sano. E sem violência.

- Tanto na parte física quanto na psicológica, há como tentar corrigir os maus hábitos. Mas, para tanto, o cachorro precisará passar por uma reeducação. É necessário trabalhar o aspecto psicológico do animal. Tudo isso sem agressão física e, sim, mostrando os limites. Para todos.

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