quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Erliquiose Canina



O R. sanguineus (carrapato vermelho) transmite a Erliquiose para os cães, pela saliva enquanto se alimenta com o sangue do animal. A Ehrlichia spp. é um microrganismo (bactéria gram negativa) intracelular obrigatório e existe várias espécies de Ehrlichia, sendo a Ehrlichia canis a que mais comumente afeta os cães.
O microorganismo não é transmitido via transovariana no carrapato, portanto somente um carrapato alimentando-se em um cão doente é capaz de tornar-se infectado e perpetuar a doença. A doença também pode ser transmitida aos cães por transfusões sangüíneas e tem um período de incubação de 1-3 semanas.

A erliquiose consiste em 3 fases principais:

* aguda: inicia-se de 1 a 3 semanas após infecção. Durante este período o microrganismo se multiplica dentro de determinadas células e em alguns órgãos como fígado, baço e linfonodos, levando a aumento destes tecidos. As células infectadas são transportadas via sangue para outros órgãos especialmente pulmões, rins e meninges induzindo a vasculite e infecção tecidual subendotelial. Ocorre também consumo, seqüestro e destruição de plaquetas. Esta fase pode durar em média 2- 4 semanas, se o o animal conseguir eliminar o microrganismo;
* sublclínica: ocorre de 6 a 9 semanas após a inoculação. O cão se torna portador do microorganismo, porém sem manifestar sinais de doença. Esta fase pode durar até 5 anos após infecção, podendo evoluir para fase crônica;
* crônica: nesta fase é onde muitas alterações clínicas se desenvolvem, devido a reação imune do organismo contra o microorganismo.
Os sinais clínicos da erliquiose, variam de acordo com a fase da doença, condições imunes do hospedeiro e tipo de cepa e espécie de Ehrlichia. Na fase aguda o cão pode manifestar sinais de febre, anorexia, perda de peso, presença de carrapatos e aumento de linfonodos. Já na fase crônica os sinais em sua maioria são causados por uma reação imune do organismo tentando combater o parasita, o cão pode apresentar: depressão, perda de peso, mucosas pálidas devido a anemia intensa, dor abdominal, sangramento nasal, diarréia escura, vômito, lesões oculares (sangramentos oculares, uveíte), aumento de órgãos (baço, fígado), alterações neurológicas (compatíveis com inflamação de meninges), aumento no consumo de água e freqüência de urina (secundário a lesão renal) entre outros sinais. Devido a imunossupressão infecções bacterianas secundárias poderão aparecer.
Os sinais clínicos da fase crônica são discretos a ausentes em alguns cães e graves em outros cães, não é raro em áreas endêmicas detectar alterações no exame de sangue compatíveis com infecção crônica por E.canis em cães saudáveis que estejam apenas fazendo exames de rotina.
O diagnóstico é feito através do histórico (presença de carrapatos ou área endêmica da doença), sinais clínicos e achados de exames laboratoriais. A Ehrlichia canis afeta determinadas células do sangue, levando a um baixo número circulante delas e tal achado em associação aos sinais clínicos pode ser sugestivo da doença. Exames bioquímicos e urinálise são importantes para detectar alterações precoces em outros órgãos, principalmente os rins. Exames mais específicos como sorologia, esfregaços sanguíneos de ponta de orelha e PCR, são úteis para se chegar ao diagnóstico. O diagnóstico direto por meio da pesquisa do hemoparasitas nas células circulantes do sangue observando-se esfregaços sanguíneos corados é o teste mais rotineiramente usado no Brasil, entretanto este exame consome muito tempo e na maioria dos casos pode não ser eficiente, devido a baixa parasitemia, mesmo na fase aguda da doença. A técnica da PCR possui sensibilidade superior comparada a pesquisa de hematozoários em lâminas de esfregaço sanguíneo. A PCR é capaz de amplificar em milhões de vezes o DNA da Ehrlichia, se o mesmo estiver presente na amostra. A sensibilidade da PCR na fase aguda é superior a da ténica de pesquisa de hematozoários.
Alguns cães podem estar concomitantemente infectados pela Ehrlichia e Babesia ou mesmo Hepatozoon, visto todas parasitas serem transmitidos pelo mesmo carrapato.
A erliquiose é uma doença fatal se não tratada. O tratamento tem a intenção de combater o microorganismo, bem como tratar as lesões por ele causada. A terapia básica consiste em antibioticoterapia via oral com droga específica durante 21 dias. Em alguns casos pode ser necessário uso de droga injetável aplicada a cada 7-15 dias. Dependendo da gravidade dos sinais o cão precisará de internamento para fluidoterapia e transfusão sangüínea. O sucesso do tratamento irá depender da fase da doença e gravidade dos sinais que o cão apresenta, visto que em estágios avançados da erliquiose pode ocorrer aplasia de medula.
O controle da infestação dos carrapatos é parte essencial do tratamento, para evitar uma recidiva da doença, pois o cão não se torna "imune" após a infecção, e com isso caso seja novamente picado por um carrapato infectado, poderá adoecer de novo. Este tipo de controle/tratamento ambiental, deve ser orientado pelo Médico Veterinário, pois existe drogas específicas com intervalos ideais para sere aplicado, de modo a quebrar o ciclo do carrapato e ter sucesso no tratamento. Além de que o ambiente e o animal devem ser tratados simultaneamente.
Adoença pode ser eliminada no meio ambiente pelo controle dos carrapatos e pelo tratamento de todos os cães por toda uma geração de carrapatos. O R. sanguineus pode transmitir a erliquiose por aproximadamente 155 dias.

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